
Não pensava em nada e apenas sentia a doce chuva a tocar no meu corpo. Sentia-me ensopada. Trazia uma rosa no bolso esquerdo, e esta já perdia as suas pétalas pelo caminho, como se quisesse marcar a minha presença ou o caminho que fiz durante aquela chuvada inacreditável.
Tudo se baseava em becos escuros e abandonados. Parecia um filme de terror, mas ao contrário disso, sentia-me optimamente bem.
Continuei a andar sem destino aparente, até que ao fundo, estava um homem também com um casaco até aos joelhos preto e as suas mãos estavam nos bolsos. O seu cabelo dividia-se em tiras e era capaz de ver pequenas gotas de água nas pontas dos cabelo. Estava de cabeça baixa, e quando me ouviu o passo, levantou a cabeça e o nosso olhar encontrou-se. O teu olhar fez-me oscilar e parar naquele mesmo sitio.
Parei sem razão. O teu olhar era forte e brilhante.
Retomei caminho sempre na tua direcção. Parei quando o meu corpo estava junto ao teu. Tiras-te a rosa com poucas pétalas e entregaste-me "creio que isto é teu". O teu tom de voz fez com que um arrepios na espinha me aquecesse. Olhei de relance para o meu bolso e de facto, a rosa que outrora estava lá, estava agora nas tuas mãos.
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