domingo, 21 de fevereiro de 2010

O gelado


deparei-me com o desejo de comer um gelado em pleno Inverno (quase primavera que não parece primavera. já viram o temporal da Madeira?) a chover e com um frio de rachar. de rachar mesmo. o meu irmão disse logo: "és maluca?" mas porque? porque é que eu hei-de ser maluca por querer comer um gelado no Inverno? é algum pecado mortal? porque é que o gelado só pode ser comido e só é associado ao Verão? um gelado é como outro coisa qualquer.
por vezes, as coisas estão associadas a certas ocasiões, e quando estas fazem parte de outra ocasião qualquer, é logo errada. mas porque? "cada coisa no seu lugar". não, neste Mundo nada está no seu lugar. neste Mundo (ou lá o que lhe posso chamar) está tudo fora do lugar, mas se virmos bem, qual é o real lugar dessas pequenas e irritantes coisas?
toda esta estúpida teoria por causa de um Gelado que nem sequer comi. por uma coisa que não fiz. por um desejo que desapareceu da minha lista de coisas a fazer.
pelos vistos, desejos não passam de desejos. e este gelado não passou disso: de um desejo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

sábado, 13 de fevereiro de 2010

a tão conhecida citação

"é preciso esquecer o passado e encarar o futuro"
talvez não seja assim que se forma a citação, mas é o mesmo significado. claro, é sempre fácil falar, mas depois, quando queremos realmente esquecer o passado, fracassamos. o passado não se esquece, pois o passado é a base para um futuro. seja este bom ou mau.
não consigo esquecer o passado nem esquecer-te, por mais tempo que passe e por mais coisas de faça e diga. a tua cara e as tuas palavras atormenta-me a mente, e assim fico eu, ressacada por algo que nunca mais posso ter. é uma impossibilidade. impossível.
fico assim, a desejar pela minha tão ansiosa dose de droga. a droga que penso não estar viciada.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

simples contas. por favor, para!


já fiz muitas contas. contas simples, contas confusas e contas impossíveis de se fazer. já errei mais do que devia errar e já acertei tantas vezes quantas errei.
já fiz contas à vida e tive que refazê-las pois estas estavam tão mal feitas que não era possível entende-las. já fiz contas por fazer e já fiz contas porque assim o tinha que ser. assim ordenava o tempo. o tempo que era o meu mestre e que me ensinava a fazer contas certas e erradas. não errava porque eu queria; eu errava porque ele comandava. assim o queria, e quem sou eu para questionar o tempo? sou uma mera pessoa que faz contas porque assim o tem que ser, mesmo que não seja do meu agrado. já fiz contas para outras pessoas e não pude ouvir aquele obrigado porque estas estavam mal feitas. mas conseguidas. mal executadas. contas que trago comigo no meu bloco de notas velho e rasurado, cheio de contas por fazer, por acabar. contas que não sei quando vou voltar a pegar nelas para fazer aquilo que o tempo ordena. não sou perfeita, embora o tempo o tente ser. eu não tento. nem sou. não sou perfeita porque trago milhares de contas no meu pensamento, milhares e milhões delas até.
se conseguiria viver sem estas contas? talvez, mas não o posso fazer. o tempo não é amigo para tanto. se o tempo manda, eu faço. é como o sol. o sol tem que nascer todos os dias. é a obrigação dele. a minha obrigação é fazer contas. por vezes o sol não se vê, e pensamos que ele não está lá e que a única coisa que vimos são as nuvens. é tal e qual como eu. eu faço as contas, mas por vezes estão erradas; mas estão lá. estão ali, bem assentes naquele pedaço de papel amarelado com gotas de tinta azul.
já tenho demasiadas contas naquele tão pequeno e cheio bloco de notas. por favor tempo, deixa-me voltar a fazer o que fazia antigamente. deixa-me voltar a viver a vida sem fazer estas contas tão confusas. estas contas que destroem o que resta da minha sanidade mental. por favor. é a única coisa que te peço. sem contas e sem este bloco de notas imundo e recheado de pecados.

(musica: Tool-Lateralus)