sexta-feira, 16 de abril de 2010

"Media Naranja"



E mais uma vez ali fomos nós de mãos dadas a correr debaixo da chuva. Paras-te e quiseste-me beijar e eu disse "Está a chover bué, tu és maluco? não quero ficar encharcada!". Na verdade, mais molhada do que aquilo era impossível. A roupa que era escura ainda mais escura parecia e estava colada ao meu corpo. Já tu nem se fala, parecias um pintainho todo encharcado. Quando reflecti brevemente sobre o assunto vi que valeria a pena beijar-te debaixo da maior chuvada da história da Amadora, por isso peguei com as minhas mãos na tua face molhada e encostei suavemente os meus lábios nos teus. Estes estavam molhadas e depois o teu hálito invadiu-me a boca e a água cresceu mais uma vez na minha boca. A tua saliva era deliciosa e a língua enrolava na minha como duas serpentes a brigar. Levaste as tuas mãos ao fundo das minhas costas e encostaste-te ainda mais a ti. Consegui sentir o teu corpo a fazer uma pressão satisfatória sobre o meu. A minha respiração começou a aumentar quando começaste-me a beijar o pescoço enquanto respiravas por cima da minha pele e esse som passava muito perto dos meus ouvidos. "Estás-me a arrepiar" disse eu e tu deste um riso e o ar que expulsas-te embateu na minha pele e fui seguida por um outro arrepio. "Pooois, realmente está a chover um bocado demais". Disseste isso dando a "palavra" de escapatória da chuva para algo que nos protegesse da mesma, mas em vez de eu seguir a tua palavra, agarrei-te junto a mim e comecei a inalar o teu delicioso cheiro. O cheiro entranhava-se na tua pele e com a água da chuva parecia que o teu cheiro ainda ficava mais forte. Inalei e suspirei de prazer, porque sim, o teu cheiro sempre me deu prazer. Levei os meus lábios aos teus, agora com mais alguma vivacidade, com mais força, com mais garra. Correspondes-te e agarraste em mim e levantaste-me no ar enquanto me beijavas. Decidiste andar um pouco comigo à roda. Digo já, se isto fosse observado por mais pessoas ou fosse gravado todos diriam que parecia uma cena retirada de um filme de romance. Depois quando já não aguentavas mais, pousaste-me com cuidado e os meus lábios descolaram-se dos teus, infelizmente. "Vamos?" perguntas-te com uma normalidade a passar pelo CM como se estivesse um dia de sol radiante. "Sim vamos, mas vamos mais rápido". Comecei a correr e tu como sempre aceleraste o passo mas nunca o suficiente para me apanhar. "Queria tanto fumar um cigarro. Mas a chover assim o cigarro nem 3 segundos deve durar". Começamos a correr e quando chegamos ao pé das escadas ao pé da ponte ia quase escorregando por causa das escadas molhadas. Tu agarraste a minha mão com força e fizeste com que a minha quase queda fosse um fracasso. "Obrigada amor". "Tu nunca mudas" Abanaste a cabeça, deste-me um beijo rápido e continuamos a correr pela ponte. Havia uma fila de transito na estrada em baixo à ponte. Fomos pela praceta porque esta tinha uns toldos e seria uma boa maneira de nos molhar-mos menos. Cheguei a porta da praceta e procurei as chaves na mala encharcada. Abri a porta e tu entras-te e depois fechaste a porta do prédio como se ela não se fechasse sozinha. Subiste as escadas e quando chegamos a minha porta, pegaste-me pela mão e beijaste-me. Agarrei-me a ti e retribui-te o beijo com a mesma pica que tu me transmitias. Depois procurei a chave grande e coloquei-a na fechadura. Rezei para que ouvisse aquele som que tanto adoro: e sim ouvi. O som da fechadura a abrir por a porta estar trancada, ou seja, sinal de que ninguém está em casa.
Entrei e dirigimos-nos para o quarto e tu atiras-te a mala para o chão enquanto eu fechava mais os estores. "Não, não feches amor" disseste e eu toda indignada virei-me para ti e disse "Oh, mas sabes que não gosto de estar com luz no quarto. Eu detesto luz". Pegaste-me pela cintura e o teu queixo ficou encaixado na minha clavícula. Sussurraste-me ao ouvido "Tenho uma surpresa para ti e para isso preciso que vejas bem". Bufei e deixei os estores como estavam, com algumas tiras abertas, suficientemente abertas para iluminar o quarto todo. "Despe a camisola que eu tenho aqui a tua outra". Fizeste o que eu disse e trocaste de camisola enquanto eu trocava de camisola e de ténis. Quando estava a acabar de abotoar os atacadores dos meus all star roxos, tu puseste-te de joelhos com uma rosa negra na mão. Fiquei estupefacta a olhar para a rosa e depois olhei para ti. Estavas com aquele olhar amoroso, aquele sorriso nos olhos, aquele olhar que me aquece em qualquer altura do ano, independentemente da temperatura. Mesmo se neva-se conseguias fazer com que o calor começasse a por-me demasiado com quente. "Amooorrrr" disse eu com aquela voz fofinha e quando te ia a beijar tu puseste o dedo na minha boca e inclinaste-me para trás. Deste-me a rosa para a mão e eu levei-a ao meu nariz para sentir o seu odor. O seu cheiro lembrava-me um campo verdejante, aquele cheiro a erva, a flor. Olhaste para mim enquanto apreciava o odor da rosa mais bela à face da terra. Enquanto tinha a rosa na mão, pegas-te na minha mão direita e pedis-te que olhasse para ti. Fi-lo e vi-te e retirar uma coisa do bolso direito de trás das calças. Depois conseguiste alcançar a aliança. Quando vi aquilo a brilhar nas tuas mãos, o meu coração parou completamente. Parou mas parou mesmo. E depois retomou uma caminhada a grande galope. O meu coração começou a bater demasiado rápido e rezei durante dois segundos para que não desmaiasse assim nos teus braços. (E até que não era assim tão mau.) Olhaste-me nos olhos e como se fosse a primeira vez que ouvia as palavras disseste "Patrícia Serafim, queres namorar comigo?" O meu olhar de espanto intensificou-se na minha cara e o meu sorriso rasgou-se na minha face. "Claro que sim!" disse eu já sem fôlego e atirei-me para os teus braços beijando-te com uma loucura inestimável. Depois te ter provado o teu hálito e de ter dado um dos nossos melhores beijos, começas-me a colocar a aliança no dedo anelar da mão direita. Mas antes de a colocares por completo retiraste-a e exclamas-te "Ah!" depois começaste a rodar para que eu conseguisse ler o que estava gravado por dentro da aliança. "Naranja" era o que dizia. E assim tinhas cumprido o que tinhas dito. "Oh amor, eu amo-te tanto!" envolvi-te de novo no meu abraço e ficamos os dois deitados no chão enquanto te via a colocares-me a aliança. "Agora és tu". Deste-me para a mão a aliança e senti-a gelada e pesada. Com um valor sentimental incalculável. Rodei-a e tinha lá escrito "Media". Encaixavam na perfeição. Peguei na tua mão direita e com todo o cuidado coloquei o anel que encaixava perfeitamente no teu dedo. Era agora que o nosso amor iria-se estender para além das fronteiras. Agora todas as pessoas saberiam que tu eras meu e que eu era apenas tua. "Amo-te princesa" disseste tu quando o teu olhar se encontrou com o meu e me senti mais uma vez completa. "Também te amo muito meu amor".
Depois deitei-me nos teus braços e fizemos amor.
Só te quero a ti meu amor, e sim, agora estamos no cume e nada nem ninguém nos vai fazer descer.
AMO-TE!

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